O continente africano parece ser mesmo o berço de basicamente tudo que se refere a espécie humana, inclusive da linguagem falada. Uma análise dos sons usados na comunicação humana feita pelo pesquisador Quentin Atkinson, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, indica que ela nasceu apenas uma vez, na África.
O trabalho foi feito com base em 504 línguas diferentes, e mostrou que há uma maior diversidade de fonemas nas línguas africanas e uma menor, na fala dos povos da América do Sul e do Pacífico. “Eu sabia que uma das evidências que dão suporte à origem do homem moderno na África é a diminuição da diversidade genética com o aumento da distância da África", explicou Atkinson ao iG.
De acordo com ele, isto se encaixa no chamado "modelo do efeito fundador", no qual populações que se expandem por novos territórios passam por períodos de gargalo - épocas de diminuição do tamanho da população - durante os quais há uma perda de diversidade.
"Esta teoria prevê que a diversidade deveria ser maior no ponto de origem da expansão”, prossegue o pesquisador. E completa: “Eu sabia que as linguagens têm um menor número de fonemas (usam menos sons) em populações pequenas, e pensei que seria interessante verificar se havia um efeito fundador linguístico, e onde ele colocaria a origem da linguagem”.
A diminuição do número de fonemas não pode ser explicada, segundo Atkinson, por outros fatores, como mudança demográfica, e é uma forte evidência de que a origem de todas as línguas humanas modernas ocorreu na África. Publicado na revista Science desta quinta-feira, 14, o resultado surpreendeu o próprio pesquisador, que esperava que a distribuição dos fonemas ao redor do mundo fosse aleatória.
“Em vez disso, há estas claras diferenças regionais[...] e elas levam a uma origem na África, como vemos com os genes”, afirmou.
“Gosto da ideia de que todas as línguas vêm de uma mesma origem", comentou. "Do ponto de vista de que a linguagem é um marco da identidade cultural, isto significa que, como nossa herança genética, ela provém da África."
Alessandro Greco
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