sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Bem vindo Ricardo Eletro

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Talvez seja o famoso caso de vocação comercial genética ampliada à enésima potência. Ricardo Nunes é filho de um comerciante de bijuterias da cidade de Divinópolis, em Minas Gerais, que faleceu quando o pequeno Ricardo tinha apenas 12 anos. Aos dezessete anos ele pede à mãe emancipação para que possa abrir seu próprio negócio. O primeiro aporte de capital veio da venda de um carro e com esse dinheiro ele foi à Meca de seu pai, a rua 25 de Março em São Paulo, para comprar bichos de pelúcia.
Em 1989 Ricardo Nunes monta sua primeira loja que, apesar de vender ursos de pelúcia e brinquedos, recebeu o nome Ricardo Eletro. Além de imprimir desde o início o molde personalista de negócio, o nome também externava as nada modestas ambições do “camelô organizado”, como Ricardo Nunes se definiu em uma entrevista certa vez.
Com o dinheiro do lucro das pelúcias Ricardo Nunes começou sua peregrinação pelos atacadistas para comprar e vender eletroportáteis. A estratégia de vendas e marketing era agressiva: já nesta época o slogan era “cobrimos qualquer oferta de eletrodomésticos do Brasil”. E a promessa era cumprida à risca; os primeiros eletroportáteis eram vendidos geralmente abaixo do preço de custo. Os lucros vinham da venda dos brinquedos e do grande volume de vendas.
Em seis meses, a Ricardo Eletro já tinha três filiais em cidades próximas a Divinópolis e a gama de produtos aumentou: geladeiras, fogões e televisores foram acrescidos ao estoque. A partir da quarta loja, Ricardo começou a comprar os produtos direto dos fabricantes, aumentando ainda mais a margem de negociação com cliente. As estratégias de guerrilha varejista foram acrescidas de uma cartilha “espartana”: redução dos custos de manutenção ao mínimo possível. Segundo Ricardo Nunes, “economizamos até no cafezinho”. A publicidade, contudo, não obedece a esse rigor financeiro e recebe quantias consideráveis de dinheiro.
Em 1994 Ricardo Nunes deixou de vender pelúcias. Em 1996 a Ricardo Eletro abre a décima filial na capital mineira, Belo Horizonte. Com o intuito de fincar pé na capital, a loja vendia muito mais barato do que as concorrentes baseando-se nos preceitos de lucro sobre volume, tendo como retaguarda financeira as outras lojas.
Esta retaguarda financeira faz com que a rede Ricardo Eletro gere receita de diversas formas para que o compromisso de vender pelo menor preço (registrado em cartório, diga-se de passagem) seja seguido sem hesitação. Seja obtendo lucro na venda de móveis — atualmente a maior fonte de dividendos varejistas –, seja vendendo títulos de capitalização popular, cursos profissionalizantes ou vendendo espaço publicitário nos televisores ligados nas lojas, o que for necessário ser feito para cobrir custos. O grande volume de vendas ajuda também na negociação com os fornecedores.
Os anos 2000 mostraram a versatilidade, a inteligência e a excelência da gestão da rede Ricardo Eletro. Durante a chamada “crise do apagão” em 2001, houve uma queda significativa na venda de eletrodomésticos. A Ricardo Eletro teve seis meses seguidos de prejuízos que só não abalaram a rede por conta de sua sólida liquidez financeira. Bem ao estilo “se a vida der limões, faça uma limonada”, Ricardo Nunes viu as oportunidades geadas pelas dificuldades do apagão. Aos domingos, lotavam-se caminhões com os produtos vendidos na rede para efetuar vendas em cidades sem unidades físicas da Ricardo Eletro em praças e logradouros públicos. Graças a essa caravana, Ricardo adquiriu pontos comerciais em dificuldades ou quase falindo por conta da crise energética a “preço de banana”. Cerca de 25 lojas foram compradas nesta bacia das almas do varejo e com isso a rede Ricardo Eletro tornou-se, com crise e tudo, a maior rede varejista de Minas Gerais.
A partir de 2002 o crescimento a rede mineira foi firme. Neste ano foram inauguradas seis filiais no estado do Espírito Santo e a partir desta expansão lançou-se a caminho do Nordeste abrindo lojas na Bahia e em Sergipe. Com a compra da rede MIG, a Ricardo Eletro chegou em Goiânia, no interior de São Paulo e em Brasília.
Mesmo diante da expansão da rede Ricardo Eletro, Ricardo Nunes não abandona o balcão. Não raro ele atende clientes, telefones, embala produtos e mantém os celulares sempre ligados, caso algum gerente de alguma unidade necessite de seu auxílio para fechar uma venda. Nas palavras de Ricardo Nunes: “Eu gosto de loja, gosto de gente, gosto de entender o que o consumidor quer. Não sou só administrador, continuo sendo vendedor”.

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