quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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A desconhecida anandamida gera efeitos semelhantes aos do principal componente da erva. Cientistas fazem estudos em busca de uma droga para tratar dependentes . 
Jornal O Tempo - TATIANA LAGÔA
 O remédio ideal para se combater a dependência da maconha pode estar dentro do próprio cérebro do dependente. A substância "mágica", capaz de realizar esse feito, já foi descoberta por especialistas e tem nome: anandamida. Como ela tem efeitos muito parecidos com os da droga, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de São Paulo (USP) agora tentam descobrir como utilizá-la no combate ao vício da erva.
Foto: CHARLES SILVA DUARTE
Esperança. Fabrício de Araújo Moreira, professor da UFMG, desenvolve estudos com a anandamida para tratar dependência por maconha
Os pesquisadores ainda não conhecem a função da anandamida no cérebro, mas já sabem que ela tem propriedades semelhantes às do Tetra Hidro Carboneto (THC), principal componente da maconha. Ambos possuem efeitos analgésicos, ansiolíticos e antidepressivos.
De acordo com o biólogo, professor do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e coordenador da pesquisa, Fabrício de Araújo Moreira, o grande desafio é o de descobrir uma forma de manipular a anandamida de modo que ela supra a necessidade do uso da droga.
"O que estamos em busca é de uma forma de interferir no nível de anandamida para tratar viciados na maconha ou até em outras drogas. Como ela é uma substância do próprio cérebro, não deve causar os efeitos negativos que a maconha induz, como sintomas psicóticos", afirma.
O especialista explica que o THC é negativo para o usuário por causar um desequilíbrio cerebral. Isso porque os receptores existentes no cérebro deveriam reagir apenas com a anandamida. Mas, quando consumido, o THC ocupa o espaço dessa substância natural e se liga a esses receptores. Os resultados disso na prática são perda de memória, lentidão de pensamentos, entre outras consequências negativas. (veja quadro)

O médico psiquiatra, professor da USP e membro do grupo de estudos e pesquisas em psicose e ansiedade da universidade José Alexandre Souza Crippa também participa da pesquisa feita em conjunto entre a USP e a UFMG. Com a experiência de quem já participou de um grupo de estudos na Inglaterra ele explica que pelo menos 80 das, aproximadamente, 400 substâncias contidas na droga podem ser usadas como remédios para uma série de doenças. O próprio THC, se usado na dose correta e sob prescrição médica, pode curar crises de náuseas.
Outro composto que poderia ser utilizado medicinalmente é o canadibiol ou CBD. Segundo ele, já foram realizados testes com seres humanos na USP que demonstraram a eficácia da substância para o tratamento de ansiedade e esquizofrenia. Agora, eles começaram a realizar o teste em dependentes de maconha e tabaco. A expectativa é que daqui a três anos seja descoberto se de fato a substância seria capaz de combater esses vícios. Caso fique comprovado, a intenção é a de se pensar medicamentos a base de CBD. "O CBD é positivo porque não parece causar dependência, como ocorre com o THC", disse.
O pesquisador ressalta que o objetivo das pesquisas não é o de levar as pessoas a usarem a droga, mas descobrir formas de utilizar os componentes dela separadamente no combate de doenças. "Somos favoráveis à utilização das substâncias com prescrição médica e não à forma como as pessoas utilizam atualmente", ressalta.
"Há risco de abstinência", diz médico
Ao contrário do que muitos usuários de maconha acreditam, a droga causa dependência sim, alerta o médico e psiquiatra José Alexandre Souza Crippa. "Algumas pessoas dizem que a maconha não causa crise de abstinência, mas é mentira. Assim como o álcool e as outras drogas, ela leva ao vício", defende.
Para o especialista, o argumento de que a maconha tem substâncias com funções medicinais não é válido para justificar a liberação da droga. "Dizer que fumar maconha é permitido porque tem substâncias medicinais é quase a mesma coisa que afirmar que feijoada e feijão são iguais. No meio da feijoada, assim como da maconha, há uma série de coisas misturadas", disse.
Crippa defende ainda que, no uso medicinal, a erva não seja fumada e, sim, ingerida como um medicamento (pílula, por exemplo). (TL)

Semelhança
Outro caso. Não só a maconha tem substâncias que podem ser utilizadas para fins medicinais. O ópio também é uma droga que causa dependência. Dele, é retirada a morfina, usada no tratamento contra a dor. O cérebro também produz uma substância parecida com ela, chamada endorfina.

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Equipe A.R.C.A.
Capacitação, Prevenção, Palestras, Capacitação, Tratamento
e Acompanhamento Terapeutico em Dependência Química - 12 passos
Tadeu Assis - Coordenador
Tel.: (22) 2643.9399 (22) 9914-3450

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