Na parede de minha sala, refúgio dentro da pequena mas barulhenta redação do meu jornal e de meu programa, fiz uma colagem de mais de seiscentas fotografias. Sobras de reportagens, umas e outras lembranças de festas, momentos felizes e outros não tão, que vamos guardando há muito tempo. As pessoas que me visitam dizem gostar muito do meu inusitado “álbum” fotográfico, um caleidoscópico mural colorido que tem desde o prefeito ao agente de limpeza da rua, passando por baianas do acarajé, peças teatrais, jogos, jardins, cachorros, gatos, parques, aviões, crianças e tudo o mais que cruzou pela frente de minhas lentes todos esses anos. Fico pensando que todas as pessoas deveriam seguir esse meu modesto exemplo. Claro que não muitas teriam a minha chance propiciada por esse ofício de contador de história (odeio que não exista mais a palavra “estória”!) que me coube, mas mesmo se não pudesse gravar no papel os momentos mais importantes que viveu, todo mundo deveria mostrar, as fotos que guarda consigo. E vai aí uma dica para quem quiser imitar meu mural. Não exponham somente coisas boas em suas fotos. Pareceria demais falso. Pois entremeie, misture, compense, balanceie.Certo que alguns amigos que se reconhecerem dignos de figurar no seu álbum, vão estranhar o fato de estar junto com esse ou aquele nesse momento, ou naquela festa, naquele passeio, mas, assim como acontece comigo, você não deve se preocupar com explicações. Minhas fotos na parede, suas fotos na sua parede, nossas fotos gravadas eternamente em nossos corações, só interessam a nós mesmos. As pessoas além de nossas lentes são objetivos, modelos ou simplesmente espectadores de nossa exposição. Não lhes devemos satisfação.
Tony Fonseca é Jornalista, Professor e Escritor, Apresentador do Programa Bem-Vindo ao Paraíso, Lagos TV canal 7 sextas feiras às 15 Horas
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