Foi só depois de envelhecer bastante que comecei a dar valor a essa ciência tão envolvente, a aquariofilia. Mesmo sendo meu irmão caçula, o Anésio, um perfeito expert dos aquários, relutei em montar um durante esses anos todos, mas atualmente sou um apaixonado pela atividade e aconselho a todos os amigos a prestar mais atenção a ela.
Foi exatamente durante uma relaxante sessão de visualização de meu aquário, noite escura, apenas acesa a iluminação dos trezentos e sessenta litros de água cristalina, pontilhada de flashes e cores de meus peixinhos, que me inspirei para essa conversa com meus amigos. Pois não é um aquário um perfeito exemplo de vida sobre nosso planeta? Não terá colocado aqui, um Deus estudioso acima de tudo, pretendendo observar nosso relacionamento, a simbiose entre as variadas naturezas individuais, as interações, os prejuizos e as vantagens, a adaptabilidade (ou a impossibilidade dela), em suma, o equilibrio do meio ambiente?
Fiquei pensando sobre Cabo Frio (Aliás, eu não paro de pensar em Cabo Frio , nunca!). Nossa cidade é como se fosse assim um aquário dentro de um maior que seria o Rio de Janeiro, que seria um outro dentro do aquário imediato que é o Brasil e todos eles dentro do maior que é o próprio planeta. Como na aquariofilia, os peixes, a temperatura, a alcalinidade e a densidade da água, a iluminação, a vegetação e todos os muitos outros fatores direta e indiretamente ligados à coisa em si podem fazer muita diferença. No aquário Cabo Frio, assim como nos outros dois imediatamente maiores, Rio/Brasil, temos peixes de muita saúde e muita beleza. Nossas mulheres são as mais lindas do mundo e nossas festas nacionalmente famosas. Mas quase sempre somos discriminadas fora do Brasil, acusados de pouco sérios, infantis ou corruptos.
Pensando bem, problemas como pedofilia, tráfico de drogas, corrupção, terrorismo e outras coisas não são “privilégio” do nosso país, mas também somos notórios por isso, e com tudo isso de bom que temos, como clima, situação geográfica, área, etc, era para ser melhor.
Enquanto eu divagava no lusco-fusco da varanda em frente do pequeno lago de vidro foi me pegando aquela sonolência gostosa das noitinhas do domingo e fui entrando naquela espécie de limbo da fronteira entre o sonho e a realidade. Havia no fundo de minha consciência uma preocupação grande. Como novato de aquários eu tinha me esmerado nas condições dos trezentos e tantos litros de água límpida. Temperatura perfeita, densidade, PH, plantas, fundo, filtros, luz e tudo o mais, mas acho que errei na escolha dos peixes. Teria Deus errado também? Jamais! Devia ser uma experiência! Como juntar terroristas e arrogantes, corruptos e necessitados, crédulos e tarados num só aquário-planeta. A água estava boa, mas os indivíduos iriam apodrecer tudo logo,logo. Finalmente, adormeci. No pesadelo (sempre os tenho quando durmo de costas!) que se seguiu, comecei a ser observado por peixes que ameaçavam quebrar o vidro de meu aquário e me atacar. Foi como um aviso. Quem sabe, Deus queria me dizer mais alguma coisa. Algo assim como o “orar e vigiar”, medir bem, cuidar incansavelmente sobre a invasão das ervas daninhas, o acúmulo de sujeira, a temperatura, assim como o fortalecimento dos predadores; as piranhas, os crocodilos e os tubarões de nossos aquários.
Tony Fonseca é Jornalista, Professor e Escritor, Apresentador do Programa Bem-Vindo ao Paraíso, Lagos TV canal 7 sextas feiras às 15 Horas
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