Comunidades em redes sociais popularizam a venda ilegal de drogas na internet e disparam alerta nas autoridades.
Traficantes estão ampliando a oferta de drogas das bocas de fumo para o interior de qualquer casa com acesso à internet. Por meio de sites de classificados, fóruns de discussão e redes sociais como o Orkut e o MSN, os criminosos assediam possíveis clientes, recebem encomendas e prometem a entrega em prazos de até um dia usando serviços como o Sedex. Como resultado do crescente mercado virtual, investigações e prisões relacionadas a esse tipo de crime se somam em várias regiões do país.
No Rio Grande do Sul, uma ligação anônima este ano ao Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) levou à apreensão de duas doses de uma droga ainda pouco conhecida chamada dimetiltriptamina, ou DMT. A substância, que pode causar danos ao cérebro ao ser fumada, injetada ou ingerida, chegou às mãos de uma mulher na Região Metropolitana após ser encomendada pela rede de computadores. A Polícia Civil, agora, tenta descobrir de onde partiu a remessa e identificar os envolvidos na operação.
— Estamos investigando. Poderemos ter novidades nas próximas semanas — afirma o delegado do Denarc Luis Fernando Martins, que prefere não dar maiores detalhes por ser um caso ainda em andamento.
— Estamos investigando. Poderemos ter novidades nas próximas semanas — afirma o delegado do Denarc Luis Fernando Martins, que prefere não dar maiores detalhes por ser um caso ainda em andamento.
A descoberta do esquema de tráfico virtual é apenas um indício do comércio ilegal que invade a rede e conecta consumidores gaúchos a fornecedores de diferentes Estados e países. O desafio às autoridades é frear um mercado em expansão que se aproveita das ferramentas de comunicação da internet e do serviço dos Correios para espalhar drogas pesadas como LSD, ecstasy, DMT e sementes de maconha para cultivo sem limites geográficos.
O tráfico virtual ocorre principalmente de duas maneiras: por meio de traficantes que utilizam redes sociais como Orkut e MSN para receber os pedidos e por encomendas feitas em sites hospedados fora do país.
O tráfico virtual ocorre principalmente de duas maneiras: por meio de traficantes que utilizam redes sociais como Orkut e MSN para receber os pedidos e por encomendas feitas em sites hospedados fora do país.
— As redes sociais são muito utilizadas, às vezes até usando palavras em código. Mas temos ferramentas para investigar todo tipo de crime — garante o delegado.
Os fornecedores costumam oferecer seus serviços em sites de classificados virtuais ou em fóruns de discussão, onde anunciam um e-mail para contato e os tipos de mercadoria com que trabalham. Em geral, depois de um primeiro contato, preferem fechar o negócio por serviços de troca de mensagens instantâneas como o MSN. Um deles, que se apresenta em um fórum de discussão, chega a pedir paciência antecipada aos possíveis interessados diante da avalanche de requisições:
Os fornecedores costumam oferecer seus serviços em sites de classificados virtuais ou em fóruns de discussão, onde anunciam um e-mail para contato e os tipos de mercadoria com que trabalham. Em geral, depois de um primeiro contato, preferem fechar o negócio por serviços de troca de mensagens instantâneas como o MSN. Um deles, que se apresenta em um fórum de discussão, chega a pedir paciência antecipada aos possíveis interessados diante da avalanche de requisições:
— Peço paciência a todos, caso demore pra responder. A procura é grande e nem sempre respondo no mesmo dia.Para mostrar a facilidade de adquirir as drogas, Zero Hora encaminhou a compra de uma cartela de LSD e de um lote mínimo de 10 comprimidos de ecstasy com dois traficantes virtuais. Um vendedor de LSD, supostamente morador de Taubaté (SP), oferece cartelas com 25 unidades do alucinógeno sintético por preços entre R$ 320 e R$ 350. A encomenda é enviada clandestinamente pelo serviço expresso do correio, com chegada prevista em apenas um dia útil. O frete para um endereço de Porto Alegre, via Sedex, acrescenta R$ 31,70 à conta final. ZH não concluiu a compra.
Nos acordos fechados por computador, os fornecedores costumam remeter para o comprador os dados de uma conta bancária para o depósito antecipado do dinheiro e, somente depois de o cliente confirmar o pagamento, enviam a mercadoria ilegal. O traficante paulista reconhece, porém, que a oferta do tóxico pela internet pode ser um golpe. Por isso, se esforça em transmitir confiança:
— Por se tratar de 1 (uma) compra ilegal, ou seja, feita por cima da lei, não há como eu lhe dar garantias do tipo contratuais, apenas de palavra. Creio que pra mim, não compensa roubar ngm (ninguém) (...). Estou há bastante tempo no ramo, sei trabalhar, meu contato tem muito há (SIC) lhe oferecer — explicou.
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Equipe A.R.C.A.
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