segunda-feira, 15 de novembro de 2010

POR DYANDREIA PORTUGAL

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Conto: “Uma História de Amor Medieval”



O sonho que vou lhes contar aconteceu na madrugada de 31de março de 2000. E não foi apenas um sonho, mas a história de uma outra vida.
Era uma época antiga, talvez na idade média, Séc. XV. Minha intuição sopra que poderia ser num pequeno lugarejo da Europa. Um povoado Ingles ou a própria Escócia. Mas certamente na Europa, pois o período medieval é um evento estritamente Europeu.
Os castelo fortificados eram erguidos para proteger os europeus dos invasores. As pessoas passaram a viver em torno deses castelos particando a agricultura e artesanato para sua própria sobrevivência. Eu pertencia a esta classe. Minha família era humilde, mas respeitada. Tinhamos sérios problemas financeiros. Meu pai era um campones que pagava altos impostos.
Casei-me, fui vendida, negociada em troca de um bom dote, ou quem sabe, entregue por pagamento de dívida.

Meu comprador era muito rico. Um guerreiro, um cavaleiro da monarquia, um nobre feudal. Mesmo estando em classe tão diferente, vivendo em sociedade estamental, escolheu-me. 


Amava-me profundamente, mas era tremendamente poderoso e temido. Sua estatura era grande, assim como sua espada e armadura. Era um homem masculo e bonito, mas era agressivo e  prepotente. Falava sem dó, ria de mim, tão pequena e frágil. Tinha muito medo dele. Me segurava com força me ordenava em tudo.
Ele era muito querido e respeitado naquele lugar, pois vencera grandes batalhas defendendo o povo em nome do Rei. Todos estavam felizes com a nossa união. Achavam que eu tinha sorte, uma camponesa simples escolhida para ser sua esposa. Eu não queria casar com ele. Não o amava e sofria muito, pois tinha medo.
Casamos. Na noite de núpicias fui praticamente violentada. Chorava muito, mas ele não me ouvia, queria me possuir, estava com raiva, pois não o queria. Fez amor comigo, que nada sabia sobre sexo, de todas as formas. Ficava sobre mim, vidrado em meus seios. Quanto mais lagrimas corriam de meu rosto, mais raiva ele sentia. Me sentia usada, humilhada e sofria muito. Minha igenuidade foi estraçalhada. Não tinha coragem de reclamar, suplicava de forma abafada, mas não olhava em seus olhos.
Todas as vezes que o dirigia a palavra era com respeito, chamava-o de “meu senhor”.
No dia seguinte, fui ver minha mãe. Chorei muito e pedi sua ajuda, estava apavorada e não queria mais ve-lo, por medo. Minha mãe se compadeceu, mas nada fez. Achou que era o melhor para mim, que tinha tido sorte e que com o tempo, ia me acostumar e um dia ia ama-lo.
Estava presa a ele não só pelo casamento, mas por algo mais forte. Minha honra e a salvação de minha família.

Poucos dias depois do casamento, teve uma grande festa em uma casa grande. Não chegava a ser um castelo, mas era um lugar onde a nobreza se reunia. Uma construção retangular com várias portar de vidro abertas para uma grande varanda com jardim, onde estava sendo servido a refeção em enormesmesas, cuidadosamente arrumadas. Todos os nobres e burgueses estavam lá. Não sei que comemoração era, mas nos eramos convidados. Eu estava muito assustada, com uma roupa que, uma simples camponesa como eu,  nunca tinha usado antes. Muitos vinham me cumprimentar pelo casamento. Ninguém ousava me destratar. Todos estavam felizes, menos eu... As senhoras tinham olhares compadecidos e algumas eram até carinhosas, me dando total atenção. Ele me olhava de longe, o tempo todo. Admirava-me, amava-me com os olhos. Eu não conseguia encara-lo.

Após o banquete servido, era a hora da cesta e as damas, que estavam com vestidos suntuosos, foram convidadas a ser recolher em uma ala da casa. E os cavaleiros, vestidos com roupas pesadas, foram convidados para uma outra ala. Ia me afastando, bem depressa,  para acompanhar as senhoras. Queria me livrar daquele olhar penetrante. Porém, um braço forte me segurou, puchando-me para junto de seu peito musculoso.  Ele me perguntou onde eu pensava que ia. Com voz tremula respondi que ia à cesta com as senhoras. Foi então que ele me respondeu com voz firme a autoritária: “Nesta casa há de ter um quarto para um casal em lua-de-mel”. Nada falei, abaxei a cabeça. Ele conseguiu o quarto.
Passado algum tempo, meu medo se tornou tristeza e ele começou a ficar amargurado. Não era mais o homem de outrora. Mas sempre cuidou de mim. Nunca me deixou faltar nada. Algumas vezes eu me surpreendia com alguns atos gentis, como se ele quisesse me compensar da dor. Comecei a sentir simpatia por ele.

Uma vez, eu tive uma grande febre delirante, quase morri. Ele ficou ao meu lado o tempo todo. Não permitiu que ninguém cuidasse de mim. Só ele podia fazer isso. Ficou vários dias sem dormir e só descançou quando eu estava fora de perigo. Fui percebendo nele o grande amor que sentia por mim, a atenção, o cuidado e carinho. Sentimentos que só quem ama verdadeiramente possui. Tive compaixão. Isso encheu me o coração de ternura. Aos poucos fomos nos aproximando. Apesasr dele me dominar com sua autoridade e força, fui me acostumando e acabei gostando, intensa e verdadeiramente, deste homem que sempre me amou.

Meu sonho acaba assim. Mas antes de acordar, consciente desta história de amor, eu tive a certeza de que vivi esta vida.
Dyandreia Portugal

Conto publicado na Antologia Delicatta – Vol. V/2010


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